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Jovem Guarda celebra 60 anos com exposição em SP 

Mostra, que começou no dia 27 de fevereiro, traz centenas de raridades e itens musicais

Foto: © Ale Frata / Live Images
Texto: Daniel Vaughan

Em 2025, a Jovem Guarda está completando seis décadas. E, para celebrar a data, o MIS (SP) abriu no dia 27 de fevereiro a exposição Jovem Guarda 60 anos, trazendo muitas raridades do acervo pessoal do jornalista Washington Morais, que é um especialista e colecionador sobre o assunto. A curadoria ficou por conta de André Sturm, diretor-geral do Museu da Imagem e do Som.

Fotos: © Ale Frata / Live Images

Um detalhe interessante da mostra, é que os ingressos custam R$ 30 (R$ 15 a meia) e valem também para visitar a exposição Ney Matogrosso, que está em cartaz no MIS na mesma temporada (confira também a cobertura do Live Sessions).

A Jovem Guarda surgiu através do programa de mesmo nome da TV Record, em 1965, em São Paulo. O espetáculo televisivo era apresentado pelo cantor Roberto Carlos, ao lado dos parceiros musicais Erasmo Carlos e Wanderléa. No palco, eles recebiam amigos e artistas com as novidades musicais da época. Tudo bem moderno, em um clima descontraído e cheio de gírias e trejeitos marcantes. O sucesso foi tão estrondoso que acabou virando um movimento cultural que se espalhou pelo país. E como bem resumiu o curador André Sturm na abertura da exposição, foi a primeira vez que a juventude brasileira ganhou um espaço que falava diretamente com sua geração.   

Apesar de ser em menor escala do que a vizinha expo de Ney Matogrosso no MIS, a exibição sobre a Jovem Guarda traz memórias interessantes do período. É um registro da linguagem cultural e comportamental do Brasil dos anos 60, documentado em diversos objetos espalhados pelos corredores do lugar. São LPs, pôsteres de filmes, fotografias, capas de revistas, matérias de jornais e itens pessoais de alguns integrantes do movimento. Tirando algumas montagens e reproduções, a grande maioria do acervo é original de época.

Logo na entrada da exposição, vemos histórias, referências e influências que marcaram a geração Jovem Guarda, como os Beatles e o filme Ao Balanço das Horas (Rock Around The Clock, 1956). Duas “febres” do momento.  

Em uma parede dedicada a Wanderléa, é possível conferir de perto a versão boneca da eterna diva. Uma raridade. Na época, a empresa Estrela lançou as cópias dos artistas em brinquedos chamadas Wandeka e Tremendão, apostando no sucesso infantil da roqueira e Erasmo Carlos. Ainda estão ali um figurino original da cantora. 

Já em outro canto, estão lado a lado bonequinhos de Roberto Carlos e Ronnie Von. Porém, Roberto e Ronnie eram rivais dentro do universo jovem da época, cada qual com seu programa de TV. Mesmo assim, Ronnie fez parte do período com hits como A Praça e Meu Bem. As capas de LPs do “príncipe” enfeitam as paredes da expo, assim como as imagens de outros artistas contemporâneos. Entre eles, estão Os Incríveis, Eduardo Araújo, Deny e Dino, Carlos Gonzaga, Trio Esperança, Golden Boys, Renato e seus Blue Caps e muitos outros. Inclusive, o público vai relembrar que a Jovem Guarda marcou o início de carreira do sertanejo Sérgio Reis e do sambista Luiz Ayrão.

Ainda vale um destaque na lembrança especial a cantora Lilian Knapp, que morreu no dia 22 de fevereiro de 2025, aos 76 anos. Ela ficou famosa com a música Sou Rebelde. O diretor André Sturm lamentou o ocorrido e disse que o MIS não poderia deixar de homenageá-la. 

Existem muitas reportagens, filmes e celebrações ao rock brasileiro dos anos 80, sendo que alguns fãs até comemoram erroneamente que o estilo tenha começado nesse período. Mas é preciso lembrar dos heróis desbravadores do gênero no país, que pavimentaram essa estrada muito antes de Legião Urbana, RPM ou Paralamas do Sucesso. Dessa forma, a exposição Jovem Guarda 60 anos é um tributo necessário ao resgate da memória cultural do Brasil. Imperdível.

Serviço – Jovem Guarda 60 anos
Data:
a partir de 27 de fevereiro.
Horários: terças a sextas, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 20h; domingos, das 10h às 18h.
Ingresso: R$ 30 (inteira) R$ 15 (meia); terças-feiras gratuitas; terceira quarta-feira do mês (parceria B3): ingresso gratuito, retirada apenas na bilheteria física do MIS no momento da visita. O mesmo ingresso dará acesso também à exposição Ney Matogrosso. Vendas em breve.
Classificação indicativa: livre.
Local: Museu da Imagem e do Som – MIS | Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo

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