O rock’n’roll puro do Black Crowes, voltou ao Brasil
Após 27 anos, os irmãos Robinson voltaram, e fizeram uma apresentação memorável, como a de 1996
Foto: © Ale Frata/Live Images/Código 19
São Paulo, 14\03\2023 – Espaço Unimed – Era 21h30 em ponto, horário combinado e divulgado, quando os irmãos Chris e Rich Robinson, membros fundadores do The Black Crowes subiram ao palco ainda escuro, no Espaço Unimed, acompanhados de uma mega banda de rock’n’roll, com baixo, guitarra, piano e duas backing vocals, para uma das melhores apresentações do estilo, já vistas por aquelas bandas.
Chris e Rich Robinson estiveram no Brasil pela última vez em 1996, quando dividiram o line up da última edição do Holywood Rock com Page & Plant, no estádio do Pacaembu. De lá pra cá, muita coisa aconteceu pela estrada dos Crowes, entre elas, duas paradas, sendo que em 2015, a briga entre os irmãos parecia interminável, mas para nossa sorte, em 2019 se encerrou, e daí resolveram fazer a tour de 30 anos do debut álbum Shake Your Money Maker (1990), mas com a pandemia, a tour acabou sendo adiada, e para nossa felicidade, ela aconteceu. Com show único no país, o Black Crowes passou também pelo Chile, e agora seguiu para Argentina, onde se apresenta no dia 16, encerrando no México dia 19, antes de retornar aos EUA.
Como não poderia ser diferente, a apresentação veio recheada de clássicos do começo ao fim, e os caras tocaram o álbum homenageado na íntegra, e na sequência original, de Twice as a hard até Stare it cold, passando por clássicos como Sister Luck e She talks to angels. Sometimes salvation, Thorn in my pride e Remedy foram alguns sucessos que também vieram para a festa. O Black Crowes, nos anos 1990 já tinham uma pegada setentista, algo meio retrô para época, o que foi mantido, apesar de uma pequena atualização, agora a pegada é mais anos 1990. O que chamou atenção no cenário da banda, é que os corvos símbolos vieram estampados em um pano de fundo, exatamente como se fazia nos anos 1990, quando a banda lançou o Shake Your Money Maker e não com os famosos e modernos telões de led. Tudo isso fez o público, de certa forma, viajar no tempo.
O show teve em torno de 1h30, e a satisfação do público ficou evidente, pelos sorrisos e comentários que se escutava na saída. Quem vacilou bastante foi o pessoal do merchandising oficial, que parecia não conhecer bem a banda e o seu público, e bem antes do início da apresentação, já não tinham mais camisetas à venda, somente um moletom, que custava em torno de 300 e não parecia ter muita saída.
O papo que o rock’n’roll morreu é tão velho quanto o próprio estilo, e a real é que ele nunca vai morrer, e mesmo quando essas bandas não existirem mais, o legado permanecerá. Se pensar que os Beatles acabaram oficialmente em abril de 1970, e mesmo assim não é incomum ver jovens adolescentes vestidos com camisetas da banda, escutando suas músicas e lotando uma arena, junto com pessoas de outras gerações, para assistir Paul McCartney, é a maior e melhor prova que o rock’n’roll jamais deixará de existir. E como dizia o eterno Ronnie James Dio, “Long Live Rock’n’Roll”.