Os sessentões sem limites do RHCP, encantam o público paulista
Com a Unlimeted Love Tour chegando ao final da fase brasileira, os fãs saíram insanos do Estádio do Morumbi
São Paulo, 10/11/2023 – Estádio do Morumbi – Finalmente chegou o dia em que os fãs puderam reencontrar os Red Hot Chili Peppers em sua formação clássica, mesmo que não seja a original. Como em todas últimas vezes em que a banda esteve no Brasil, lá estavam os sessentões Flea, Anthony Kiedis e Chad Smith, mas esse ano a grande diferença foi a volta do guitarrista John Frusciante, o único ainda na casa dos 50, que desde 2019 voltou a integrar a banda, e grande parte dos fãs nunca tinha assistido essa formação ao vivo.
A euforia tomava conta do Estádio do Morumbi, o que contribuiu para a boa aceitação da Irontom, banda que a convite de John, tem acompanhado os Chili Peppers em sua tour pela América Latina, e além do Brasil, já passou por Costa Rica e na sequência segue para Chile e Argentina. A banda é formada por Harry Hayes nos vocais, Dylan Williams na bateria, Mike no baixo e Zach Irons na guitarra — filho de Jack Irons, ex-baterista do Red Hot Chili Peppers e Pearl Jam.
Fotos: © Ale Frata/Live Images
Era pouco mais de 21h, quando o trio de instrumentistas deu as caras no palco do Morumbi lotado. O primeiro a aparecer foi John, e logo na sequência Chad e os pezinhos de Flea, que na melhor forma física, entrou plantando bananeira, como em outras ocasiões. Apenas um aperitivo do que estaria por vir.
A já tradicional Intro Jam com guitarra, baixo e bateria, deu início ao espetáculo, que terminou de pegar fogo com a entrada de Anthony Kiedis. No set list, entre outros clássicos, Snow, Under the Bridge (que até agora não conseguimos entender porque foi limada do set em Brasília), Soul to Squeeze, Eddie, Tell me baby, Californication e pra fechar com chave de ouro, Give it away, o mesmo clássico que abriu a apresentação da banda no Holywood Rock de 1993, na primeira apresentação dos Chili Peppers no Brasil. Confira o set list completo, aqui.
Pelas redes, as pessoas reclamaram a falta de algumas músicas no set, mas para uma banda do tamanho do RHCP, fica impossível de tocar tudo que tem de bom, em seu set. O show teve aproximadamente 1h40 de duração, como de costume, e o palco um pouco mais simples do que o da tour pelos EUA, logicamente, pela praticidade de uma turnê com 10 datas, em quatro países diferentes. Por lá, o painel de led vai desde a parte inferior do palco até o teto. Algo realmente grandioso.
No Brasil, ainda se apresentam em Curitiba no Couto Pereira, na segunda-feira, 13 e Porto Alegre na Arena do Grêmio, quinta-feira, 16. Depois seguem para Chile e Argentina, encerrando assim o braço latino da Unlimited Love Tour 2022-2023.
Quem esteve presente, não vai se esquecer, como sempre acontece como os shows do Chili Peppers. Há quem esteja até hoje comentando daquela apresentação apoteótica que fizeram no mesmo estádio do Morumbi em 1993, quando vieram ao festival acompanhados de Nirvana, L7 e Alice in Chains.
Os caras, que estão de cara limpa há bons tempos, como eles mesmos definem, estão com performance de palco muito boa, Flea pula como se fosse um garoto de 20 e poucos anos, Anthony também se movimenta bastante, mas ainda sim, nada que se compare com aquele jovem maluco que apareceu na década de 1980 e Chad, sempre preciso e matador em seu andamento. O mais “tranquilo” no palco, é justamente o caçula da banda. John pouco se movimenta, perto de Flea e Anthony, o que não impede de interagir por alguns momentos, principalmente com o baixista. Por falar em interação, a banda não fez isso do modo que se esperava, com o público. Em raros momentos chegaram a citar o nome da cidade e ao final Chad jogou suas baquetas numa velocidade, que chegaram bem perto da pista comum.
Em alguns momentos a banda improvisou instrumentais, o que torna o show meio cansativo. O instrumental improvisado, é legal para músicos que admiram as habilidade de seus ídolos, mas de longe é muito mais legal para quem pratica o improviso no palco. Seria melhor terem aproveitado esse tempo para incluir uma ou duas músicas a mais no set, já que por exemplo, Aeroplane, Breaking the Girl e Otherside ficaram de foram do set, assim como tantas outras. É claro que uma banda com 40 anos de estrada e 13 álbuns lançados, ficaria impossível de incluir tudo em seu show, mas a gente sempre quer mais.
O baterista Chad Smith foi visto em alguns lugares, longe dos palcos do RHCP. Ele foi a um show sertanejo, tocou com uma banda cover do RHCP num bar da capital paulista e também participou da apresentação do baixista Glenn Hughes, tocando Burn, que aconteceu no sábado à noite. Nas duas apresentações em que tocou, Chad terminou “destruindo a bateria”. É possível ver em vídeos espalhados pela internet. Dizem as más línguas, que no caso da banda cover, ele vai dar uma batera nova pro cara (mas nada confirmado, por nós), no caso do show do Glenn Hughes, não temos mais informações, a não ser que o locatário do instrumento reclamou que a bateria já estaria alugada nessa semana para um outro evento, e não sabia como faria. Essa história de músicos destruirem instrumentos foi bem bacana, quando começou, representava a rebeldia, o roqueiro raíz, o revoltado, mas pensando em diversos aspectos sustentáveis e sociais, não faz muito sentido, nos dias atuais. Melhor pegar essa empolgação e fazer doações de instrumentos para comunidades carentes, a fim de introduzir mais gente na música.
Flea também foi flagrado passeando tranquilamente pela Avenida Paulista, de acordo com uma foto que recebemos, mas não vamos publicar, por não saber de quem é a autoria e não termos a autorização para isso. O baixista vestia um macacão amarelo, e poderia tranquilamente ser confundido com aqueles hare krishnas vendedores de incensos que ficam por lá. Talvez por isso, não tenha sido reconhecido.
HOMENAGEM AO TROPICALISMO
Os sets dos shows no Brasil, divulgados em redes sociais da banda, homenagearam a Tropicália, movimento cultural brasileiro da década de 1960. Para o show do Rio de Janeiro, a capa do disco Tropicália ou Panis et Circencis foi utilizada com Caetano Veloso e Gilberto Gil segurando os sets do show. Já em Brasília, foi a vez de Tom Zé, que se mostrou surpreso em sua conta do Instagram: “Pessoal, a banda arquiconhecida, Red Hot Chilli Peppers me colocou junto com a lista de repertório deles, em show que andam fazendo pelo Brasil. Também já se lembraram de Rita Lee. Estou em boa companhia e venho aqui contar pra vocês”. Em São Paulo, o set foi apresentado por ninguém menos que a saudosa Gal Costa. Agora resta saber quem serão os astros do Tropicalismo nos sets de Curitiba e Porto Alegre.
IRONTOM
Fotos: © Ale Frata/Live Images
Como já mencionamenos, a Irontom é a banda que está acompanhando os Chili Peppers pela América Latina, a convite do guitarrista John Frusciante. A banda encabeçada pelo guitarrista Zack Irons, filho do primeiro batera dos Chili Peppers, faz um som que muito nos lembra de alguma fase dos RHCP, inclusive a performance de palco. O visual da banda em alguns momentos nos remete a uma jam entre RHCP e AC/DC, por conta do figurino do ótimo frontman Harry Hayes e do visual do baixista Mike. A banda não é tão nova assim, de acordo com algumas informações que encontramos pela web, ela tem pouco mais de 10 anos e quatro discos lançados, mas por aqui ainda não tem tanta fama, ou pelo menos não tinha, porque ao que parece, agradou bastante o público. Se quiser conhecer um pouco mais, é só procurar os sons deles por aqui.
GALERA DA GRADE
Fotos: © Ale Frata/Live Images
Quem sempre faz grande diferença nos shows é a Galera da Grade, e nós tivemos a oportunidade de bater papos rápidos, enquanto aguardávamos o início das apresentações, e é sempre muito legal quando isso acontece, porque rola uma sinergia entre a equipe do Live Sessions, com troca de informações, histórias de vida ligadas aos artistas, fanatismo, na melhor das expressões, tatuagens e esforços sem medida para acompanhar de pertinho aquela banda, que muito representa na vida de alguém, e por esse motivo, vamos fazer uma galeria só de fotos desse pessoal, que diversas vezes fica acampado na porta do estádio por dias, debaixo de chuva e sol (e que sol) esperando aquele momento chegar, ou até mesmo já está de malas prontas, para ao final do show seguir para o próximo destino que a banda irá se apresentar. Tinha até um fã japonês por lá, que obviamente se destacou pelos cabelos cor de rosa. Nós do Live Sessions temos muita admiração por esse pessoal (até porque um dia já fomos desse outro lado da grade), que muitas vezes quando a banda não é das maiores conhecidas de nossa equipe (o que não é o caso do RHCP), são quem nos salvam, dando dicas de performances e momentos inusitados que acontecerão naquela apresentação. Infelizmente fica impossível registrar todo mundo, mas alguns estarão por aqui para sempre, conosco. E nos vemos no próximo show.